O Grupo VPJ está retomando seu projeto de implementação de steakhouses com marca própria. Em março, a companhia vai inaugurar sua quarta unidade, dessa vez em Americana, no interior de São Paulo. Será a primeira após o projeto ter sido interrompido pela pandemia.
A loja de Americana se somará aos restaurantes de Pirassununga, Ribeirão Preto e Campo Grande (MS). Todos ficam integrados às boutiques de carne que já comercializam os cortes e produtos da VPJ. No total, são oito boutiques, sendo duas na capital de São Paulo, uma em Alphaville e outra em Jaguariúna, também no Estado, além das unidades já integradas aos restaurantes.
As vendas diretas ao consumidor – estratégia que também inclui um e-commerce – são a ponta do iceberg do grupo VPJ, que registrou receita de R$ 450 milhões em 2023. O CEO Valdomiro Poliselli Júnior integrou praticamente todos os elos da cadeia de produção, que não se restringem à carne bovina.
Hoje, o VPJ controla a genética usada por parceiros na produção dos animais. Os bovinos são abatidos pela própria empresa, que depois comercializa os cortes e produtos em suas boutiques e restaurantes e os distribui para redes de supermercados.
A empresa acabou de fechar uma parceria com o Sam’s Club para fornecer uma linha padronizada de carne bovina para churrasco, todas com 300 gramas, usando apenas cortes do dianteiro bovino.
“Começamos o trabalho de seleção genética da raça Angus americana em 1995. Partimos para o projeto de varejo em 2004, depois de uma crise com os frigoríficos, que não queriam mais comprar os animais de cruzamento industrial – cruzamento entre zebuínos e taurinos”, resumiu Poliselli ao IM Business.
Atualmente, o grupo VPJ se divide em três grandes negócios. A parte de pecuária é responsável por produzir e desenvolver genética bovina, ovina e suína.
No caso dos bovinos, a empresa produz 100 touros por ano da raça Aberdeen Angus, todos comercializados em um leilão anual realizado nos meses de outubro.
Os touros da VPJ descendem de linhagens americanas. Para conseguir acesso à genética dos Estados Unidos, a empresa mantém, há 12 anos, uma fazenda no Texas, nos EUA, onde conserva 40 fêmeas doadoras. São essas fêmeas que recebem o sêmen dos reprodutores e geram os embriões, com genética 100% americana.
Esses embriões são trazidos ao Brasil e introduzidos no rebanho local, que fica em Mococa, também no interior paulista. São essas fêmeas brasileiras que geram os touros comercializados no leilão, que possuem “dupla cidadania”: são registrados tanto na associação americana da raça, quanto na brasileira.
A partir dessa venda, tem início o ciclo dos parceiros da VPJ. Os pecuaristas que adquirem os animais começam a reproduzir a genética até chegarem aos animais que vão para o abate. “Abatemos cerca de 35 mil cabeças de animais meio sangue aberdeen por ano. Priorizamos as compras dos nossos clientes de genética, pagando um bônus de 1% no valor da arroba”, disse Poliselli.
Os frigoríficos são o segundo grande negócio do grupo. Além dos bovinos, a VPJ também opera uma indústria de cordeiro. São 24 mil animais abatidos por ano, em uma unidade própria, localizada em Jundiaí (SP).
A VPJ começou a importar os primeiros embriões de cordeiros da raça Dorper há 20 anos, e iniciou o trabalho de seleção e criação. Hoje, o grupo vende os reprodutores para os criadores, recebendo como pagamento os cordeiros nascidos a partir dos cruzamentos.
Há cinco anos, o grupo também começou a trabalhar com suínos. Atualmente, o VPJ abate anualmente 15 mil animais da raça Duroc, com carcaças de até 150 quilos, quase o dobro das raças tradicionais do Brasil.
“Hoje, temos 800 sku’s, considerando as três proteínas. Conseguimos mensurar todos os resultados e saber quais animais melhor transferiram sua genética para produzir as melhores carnes”, afirmou Poliselli.
Na estratégia de Poliselli, o e-commerce, as boutiques e os restaurantes próprios demandam 25% da oferta das indústrias. O restante vai para os supermercados e outras redes varejistas que comercializam os produtos com a marca VPJ. “Isso nos permite dar uma certa estabilidade para o trabalho na indústria”, disse o pecuarista.
O próximo grande passo de Poliselli será o mercado externo. A desossa em Pirassununga, onde são preparados e finalizados todos os cortes, acaba de conquistar habilitação para a exportação de bovinos. A indústria também está prestes a ser autorizada para exportar carne de cordeiro.
“Recebendo a habilitação ainda este ano, começaremos a exportar em 2025. A ideia é exportar carnes com marca. Demanda para um produto premium como o nosso não falta no mercado internacional”, disse Poliselli.